Poder de compra: o impacto das mudanças de moeda ao longo dos anos

O Brasil passou por seis trocas de moedas ao longo dos anos. Entenda o impacto das mudanças neste post

As gerações mais jovens não sabem o que é viver sob o regime de uma hiperinflação. Estamos falando da elevação desenfreada dos preços quase que diariamente – em uma escala difícil de imaginar por quem não passou pela experiência.

O Brasil viveu um tempo de hiperinflação no início da década de 1990. Naquela época, era comum o consumidor encontrar um preço na etiqueta de um produto exposto na prateleira do supermercado pela manhã – e outro valor à tarde. Como o sistema de código de barras ainda não era popular, os preços eram reajustados com etiquetas de maneira manual pelos funcionários das lojas.

Entre os efeitos perversos da inflação sem controle está o desequilíbrio fiscal, que resulta em financiamento de gastos do governo com emissão monetária inflacionária. Mas o mais danoso é a queda acentuada do poder de compra do trabalhador.

Afinal, a remuneração que ele recebe no começo de cada mês se deteriora com o passar dos dias e, certamente, não será a mesma ao final do período. Esse quadro prejudica, principalmente, as camadas mais pobres da população.

Plano Real: domando a inflação e estabilizando a economia

Lançado há 30 anos, em junho de 1994, o Plano Real foi um marco do combate à hiperinflação no Brasil.

Não pense que foi uma batalha fácil. Esse foi 13º plano econômico implementado no Brasil desde 1979 – ou seja, foram 13 planos econômicos em apenas 15 anos! Os programas tinham um só objetivo: domesticar o monstro da inflação. E boa parte deles também demandou a troca da moeda.

Além de lançar o Real – com cada 1 real valendo 1 dólar –, o governo fez um ajuste nas contas públicas, com elevação de impostos e corte de gastos. Outra medida que ajudou a controlar a inflação foi a abertura comercial, que determinou a diminuição das tarifas alfandegárias, permitindo que as importações aplacassem as pressões inflacionárias.

Plano Real comepletou 30 anos em 2024. Imagem: USP Imagens.

Vaivém das moedas

O Brasil passou por seis trocas de moedas ao longo dos anos.

– Na condição de colônia de Portugal, o Brasil adotou o Real português como moeda por mais de 300 anos. Em outubro de 1833, 11 anos após a Declaração de Independência, surgiu a primeira troca de moeda – com a criação do Real brasileiro. Este permaneceu em vigor por mais de um século, sendo substituído pelo Cruzeiro em 1º de novembro de 1942.

– O Cruzeiro vigorou até 12 de fevereiro de 1967, quando foi trocado pelo Cruzeiro Novo. Adivinhe qual foi o motivo da troca? Bingo: descontrole da inflação.

– Na verdade, o Cruzeiro Novo foi uma moeda transitória, que valia 1 mil Cruzeiros “antigos”. Em 1970, a Casa da Moeda retomou a emissão do Cruzeiro, já isento dos efeitos inflacionários.

– Em 28 de fevereiro de 1986, foi instituído o Plano Cruzado. O pacote econômico determinou o tabelamento de preços. Tudo parecia estar dando certo, mas o monstro da hiperinflação estava apenas adormecido.

– Cinco anos depois, em 1993, retornou com todas as suas forças, impondo uma nova substituição da moeda. Foi quando surgiu o Cruzeiro Real. Mas ele não durou por muito tempo.

– Em 1994, o Cruzeiro foi substituído pelo Real, inaugurando um longo período de estabilidade na economia brasileira.

Meu dinheiro vale menos?

Apesar da consolidação do Real como moeda oficial, o que deu mais estabilidade à economia brasileira, o poder de compra seguiu se deteriorando. Para se ter ideia:

  • Em junho de 1994, quando foi implantado o Plano Real, era possível comprar praticamente uma cesta básica apenas com uma nota de R$ 100 na cidade de São Paulo.
  • Em junho de 2022. quase três décadas depois, um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrou que os mesmos R$ 100 nem sequer cobrem 13% da sacola de produtos básicos,

Neste período, os produtos que registraram a maior alta foram:

  • Tomate, com elevação de 1.439% (R$ 0,58 para R$ 8,93 o kg)
  • Carne, com 1.364,2% (R$ 3,21 para R$ 47 o kg)
  • Banana, que subiu 1.208% (R$ 0,68 para R$ 8,90 a dúzia)
  • Leite (litro), elevou-se em 1.439% (R$ 0,53 para R$ 6,47)
  • Feijão (kg) aumentou 690% (de R$ 1,11 para R$ 8,78).

Seja como for, dos males, o menor: quem não passou por um período de hiperinflação não sabe o que é viver em um clima de incertezas, que prejudica a economia e corrói ainda mais o poder de compra da população. Certamente, o melhor é não precisar passar por isso!

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